Stock Car Pro Series: uma novela simplesmente imperdível
- Luíz Felipe Ramos
- 6 de jun. de 2023
- 5 min de leitura
12 etapas, 24 corridas, inúmeros protagonistas. Stock Car Pro Series chega a mais uma temporada extremamente alucinante e com novos protagonistas.
No ano de 1979, a Rede Globo estreou a novela “Pai Herói”. O folhetim, que foi exibido durante 7 meses, cativou milhões de espectadores que paravam religiosamente às vinte e uma horas de segunda a sábado em frente à televisão para assisti-lo. Era disparadamente a maior audiência da televisão brasileira à época.
Durante seu quarto mês de exibição, estreou uma outra novela. Novela essa que, ano a ano, apresenta um desfecho diferente. Seu nome é Stock Car, que desde 2021 adicionou o sobrenome “Pro Series”. Desde 22 de abril de 1979, balança os corações de todos os acelerados brasileiros em diferentes palcos.
Indubitavelmente, os Chevrolet Cruze e Toyota Corolla são os principais protagonistas dessa novela há três temporadas. Mas vale destacar que ambos ganharam uma companhia ilustre a partir desse ano.
(Os personagens de mais uma temporada/Stock Car)
A Hankook Tires passou a ser fornecedora oficial dos pneus a partir dessa temporada. A marca coreana já se faz presente em outras categorias, como a Formula E. É uma jogada muito acertada visando o crescimento mercadológico da mesma em terras tupiniquins.
Um quarto da temporada 2023 foi completado na etapa de Tarumã. E, se as próximas nove etapas forem como as três últimas, certamente teremos uma das melhores temporadas de todos os tempos. Graças aos personagens nela envolvidos.
Novos nomes surgiram para esse ano. Destaquemos Lucas Kohl, piloto egresso da Stock Series (antiga Stock Light) estreou pela Hot Car. A equipe liderada por Babi Rodrigues passou por uma gigantesca renovação em comparação a última temporada, que conta agora também com Gaetano Di Mauro. Outro estreante que merece destaque é Enzo Elias. O atual campeão da Porsche Cup subiu mais um degrau em sua carreira e passou então a defender as cores da Crown Racing.
Certamente, o nome que recebe mais destaque entre os estreantes é Dudu Barrichello. Filho da lenda e atual bicampeão Rubens Barrichello, Dudu chega à categoria para se firmar, após alguns anos se aventurando por categorias de fórmula mundo afora.
(Filho de Rubens, Dudu Barrichello estreia na Stock em 2023/Stock Car)
Mas quem também temos é uma velha figura conhecida, que chega para 2023, porém sem ser estreante. Seu nome é Felipe Fraga.
O tocantinense que já foi campeão, saiu da categoria ao término da temporada 2019, participando de inúmeras categorias. Dentre elas, podemos citar: WEC, IMSA Weathertech Sportscars Championship e DTM. Com performance sólidas e laureadas, Fraga é certamente um dos maiores nomes do endurance brasileiro. E suas participações na IMSA, defendendo as cores da Riley Motorsports na categoria LMP3 vêm provando isso.
No entanto, os personagens principais dessa temporada vêm sendo nomes bastante conhecidos. E conhecidos não apenas da categoria, mas do automobilismo brasileiro e, por que não dizer, internacional.
O tricampeão Daniel Serra, da equipe de Rosinei Campos (o famosíssimo “Meinha”) é inquestionavelmente um dos maiores nomes do automobilismo brasileiro dos últimos tempos. E também pudera. Ninguém é campeão da 24 Horas de Le Mans e da Petit Le Mans por acaso. Se o paulista irá superar o próprio pai, Chico Serra, e assim se tornar tetracampeão da Stock, é uma grande incógnita. Mas o fato é: Serrinha está compenetrado nessa empreitada.
(Com destreza, Daniel Serra conduziu o Cruze em Goiânia/Stock Car)
Prova disso foi a vitória conquistada na primeiríssima corrida de 2023. Largando em quinto, contou com a estratégia muito precisa da equipe. Os pit stops fizeram diferença crucial e Serrinha só fez o que lhe estava proposto e ganhou magistralmente.
+ sobre automobilismo
A abertura da temporada rolou em Goiânia. A etapa em questão fora batizada em homenagem a Reinaldo Campello, um dos fundadores da Stock e que faleceu em março. E com as bênçãos desse lendário nome do automobilismo verde-amarelo, Serra faturou a corrida 1 após ter partido da quinta colocação. No entanto, todos os holofotes daquele domingo ficaram em cima de Thiago Camilo.
(Nos braços do povo: Thiago Camilo é aclamado pela multidão em Goiânia/Stock Car)
O piloto da equipe de Andreas Mattheis perdera seu tio e grande incentivador de sua carreira, o ex-piloto Sergio Ramos Ruas, no dia 18 de março em decorrência de acidente rodoviário. Logo que recebeu a bandeirada, Thiago parou seu carro em frente das arquibancadas, saltou de seu Corolla, pulou a grade e sentou-se na frente do público, em cena similar a que Josef Newgarden fez ao ganhar a Indy 500 meses depois. O público goiano, por sua vez, retribuiu o gesto berrando a plenos pulmões o nome do piloto. Vale lembrar também que com essa vitória, Thiago se tornou o piloto em atividade com mais vitórias na Stock Car, com 38 triunfos.
Semanas depois, foi a vez de Interlagos receber mais uma etapa dessa temporada. As duas corridas realizadas foram à altura da tradição que o palco-mor do automobilismo brasileiro imprime. Na corrida 1, Gabriel Casagrande fez a pole position e, praticamente de ponta a ponta, se tornou o terceiro vencedor diferente da temporada. Ricardo Maurício foi o felizardo que logrou a corrida 2 e, mais do que apenas ganhar, tornou-se também o terceiro maior conquistador de pódios da história da categoria. O tricampeão está a apenas quatro de igualar o vice-líder geral da estatística, o tetracampeão Paulo Gomes.
(Gabriel Casagrande fez pole, vitória e melhor volta em Interlagos/Stock Car)
(O tricampeão Ricardo Maurício se tornou o terceiro piloto que mais vezes subiu ao pódio, em Interlagos/Stock Car)
Depois de quase um mês de espera, a Stock voltou às atividades em outro templo sagrado: Tarumã. O berço em que a categoria realizou a primeira de suas quase 600 corridas voltou a sediar uma etapa depois de seis anos. E os gaúchos foram presenteados com duas corridas acachapantes. O atual campeão Rubens Barrichello faturou a corrida 1 e Thiago Camilo levou a corrida 2. Assim como em Goiânia, o piloto da Ipiranga correu com o número 16, tradicionalmente utilizado pelo seu tio ao invés do inconfundível 21. E pelo visto, a homenagem está surtindo efeito ao três vezes vice-campeão da categoria.
(Rubinho abraça Dudu, que esteve fora das corridas de Tarumã em razão de grave acidente, após vitória/Stock Car)
(O número 16 vem sendo o amuleto de Thiago Camilo na temporada 2023 da Stock Car Pro Series/Stock Car)
No próximo dia 18 de junho, outro palco raiz do automobilismo nacional será cenário de mais um capítulo dessa novela chamada Stock Car Pro Series 2023. O autódromo Zilmar Beux em Cascavel, no Paraná, será sede da próxima etapa.
Thiago Camilo chegará ao circuito do Oeste do Paraná na liderança do campeonato, com 99 pontos. Perseguindo o paulista está o Gabriel Casagrande, com 97 pontos. A tríade da ponta do campeonato é completada por Rubinho, com 79 pontos. Cesar Ramos e Ricardo Maurício completam o top-5 com 77 e 73 pontos, respectivamente.
Thiago continuará sendo guiado pelo talismã do número 16? Casagrande conquistará seu bicampeonato depois de perdê-lo no “S” do Senna em 2021? Rubinho se tornará (ainda mais!) o piloto mais velho a ser campeão, com um eventual tricampeonato?
As perguntas acima ainda não possuem respostas. Mas uma coisa é certa: poderemos ter um pouco menos (ou mais…) de dúvidas quando a bandeira verde for balançada para a corrida 1 de 18 de junho.
Fotos maravilhosas 💜 ótimo texto!